Eles ainda são muito jovens – têm entre 8 e 11 anos. Alguns ainda nem sabem ao certo que profissão exercer quando crescer, mas, pelo bom desempenho escolar e pela facilidade de relacionamento com os colegas de turma, foram selecionados para participar das ações de preservação ambiental no município. Estamos falando de alunos da rede municipal de ensino que receberam o título de Agente Ambiental Escolar.
A iniciativa de tornar as crianças grandes aliadas na luta pela proteção ao meio ambiente foi do coordenador de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Lauro Nobre. Segundo ele, a ideia surgiu como uma das propostas do programa Agenda 21 Escolar, criado em 2014, cujo objetivo é fazer com que as questões ambientais estejam cada vez mais presentes nas salas de aula.
Os primeiros Agentes Ambientais Escolares foram selecionados na semana passada na Escola Municipal Joaquim Lavoura, no Barro Vermelho. Oito crianças, do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental, dos turnos da manhã e da tarde, foram selecionadas pelas professoras e colegas de turma para exercer o cargo. E em tempo de epidemia de Dengue, Zica e Chikungunya, a principal função do grupo será orientar amigos, familiares e vizinhos a identificarem e eliminarem os possíveis focos do aedes aegypti, mosquito transmissor das doenças.
“A ideia é que eles viviam na prática a Educação Ambiental. Todos os temas relacionados a meio ambiente e que a gente costuma ver pela mídia, devem fazer parte do dia a dia deles. Inundações, descarte irregular de lixo, desmatamento e, claro, dengue, tem que ser debatido com essas crianças e elas estão sendo preparadas para cobrar dos adultos uma atitude responsável em relação a essas questões. Não adianta assistir tudo pela TV sem fazer nada, sem colaborar. É essa mensagem que queremos passar”, afirmou Nobre.
Logo depois de receberem a carteira de agentes ambientais, os alunos arregaçaram as mangas e partiram para primeira tarefa: produzir uma mosquetoeira com garrafa pet para capturar larvas do transmissor da dengue. O passo a passo para a produção do artefato foi passado pela Professora Vera Lúcia Ramos, também do Núcleo de Educação Ambiental da Semed. Laryanne Cristina Gomes, 10 anos, aluna do 5º ano, estava animada com o invento e com sua nova função.
“Quero ajudar a melhorar o planeta e incentivar as pessoas a também fazerem isso. Eu sempre olho os pratinhos de planta da minha casa, vejo se tem água parada, agora vai ser melhor porque eu vou aprender outras maneiras de ajudar”, disse a menina enquanto preparava a mosquetoeira para levar para casa.
Na Escola Municipal Joaquim Lavoura, que funciona como uma espécie de laboratório para ações-piloto da Agenda 21 Escolar, a Educação Ambiental na Prática será o tema transversal trabalhado no primeiro bimestre. De acordo com a diretora Márcia da Costa Silva, a temática irá nortear as atividades de todas as disciplinas no período.
“Além do conteúdo específico de cada matéria, os alunos vão receber informações sobre meio ambiente, qualidade de vida, preservação ambiental, questões relacionadas ao cotidiano. Quando a gente traz temas do dia a dia para sala de aula, o processo ensino-aprendizagem fica mais fácil e as crianças internalizam melhor os conteúdos”.
O coordenador de Educação Ambiental e a direção da escola também têm plano de implantar na unidade um viveiro para produção de mudas nativas e uma horta orgânica. A ideia é aproveitar parte do que for produzido na própria unidade e o restante distribuir para a comunidade. Todo o trabalho contará com o apoio dos Agentes Ambientais Escolares. Segundo Lauro Nobre, 85 escolas da rede municipal participam da Agenda 21 Escolar. No momento, há um trabalho para a seleção de Agentes Ambientais Escolares nas demais unidades.
“O objetivo final é fazer com que os alunos sejam multiplicadores dos conceitos de sustentabilidade e contribuam para a qualidade de vida da comunidade onde vivem e onde a escola deles está inserida”, concluiu Nobre.